agosto 16, 2010

Suícidio.

Passou a lâmina fria pelos dedos trêmulos. Dentro de seu corpo algo gritava pelo sangue, pela dor, pela vida. Era uma contradição ambulante, precisava sentir a morte para se encontrar com a vida.
A lâmina passou pelo pulso, congelada, decidida. O lábio inferior parecia reclamar, pulsava cada vez mais forte contra o aperto dos dentes enquanto a pele era rasgada.
Um filete vermelho tingiu onde a faca havia passado, pulsante, irritada pelo frio. Tanta dor para um arranhão!
Direcionou a faca para onde o arranhão parecia mais profundo e deixou que a ponta perfurasse a carne. Arrastar a faca, era só isso o necessário. E foi o que fez, apesar da dor física e dos gritos dos Querubins.
O sangue escorria pelo pulso dolorido, manchava e confundia corpo e faca.
Os lábios se entreabriram para um grito de dor enquanto a faca saia sa carne. O pulso tombava colorido de vermelho. A faca jazia na mão boa, ainda não pronta para descansar.
Com a mesma faca que lhe cortara a carne, cravou o peito sem mais forçar para gritar, ou para procurar vida.
Uma risada. Foi o que ecoou pelo cômodo vermelho antes do coração dar-se por vencido e parar de emanar vida.
A visão do que procurava surgiu como vapor, embaçada demais pela Morte.
Opostos não podem permanecer por muito tempo juntos. Vida e Morte não seriam uma excessão. Deveria ter contado isso antes.
- J.

Nenhum comentário:

Postar um comentário