janeiro 02, 2011

Reticências

Um circulo. Um ciclo viciante.
Havia algo magnético em cada detalhe daquele rosto que tanto amava. Havia tudo o que procurava.
O sorriso dele me fazia sorrir. Sua tristeza me fazia doente. Seus medos e euforias tornavam-se meus tão facilmente...
Ah! Como chegamos aqui? – A pergunta não pára de ecoar. Repete-se incansavelmente até meus pés perderem o rumo e meus joelhos falharem, deixando-me novamente vulnerável. Vulnerável à única coisa que podia me machucar, ao que eu mais amava e o que era mais perigoso pra mim.
Amar nunca foi um forte meu. Escolher quem poderia me machucar também não. E como lidar com isso? – Essa era a questão.
Talvez, tornar o que sinto uma rotina me faria lidar bem com isso. Mas não há rotina quando é ele.
E cada tremor nas mãos é diferente, quando é com ele. E cada lufada de ar que deixo entrar em meu corpo é diferente, quando estou com ele. E cada detalhe seu é como gravidade, e prende-me no laço inquebrável dos seus mistérios.
E o modo como os gestos e ações dele me manipulavam, me redesenhavam e redefiniam não era normal. Era como se cada célula minha pudesse pertencer somente a ele, e por isso era tão fácil me adaptar ao que quer que ele desejasse, por mais doloroso que fosse.
E essa dor disfarçada diluía cada parte minha numa essência que era puramente dele. E transformava-me em alguém totalmente dele, em cada detalhe. E jogava meus antigos medos no lixo, moldavam-me conforme ele queria.
Prendia-me em seus braços e guiava-me por seu olhar. Perdia-me em seus pensamentos e deliciava-me com cada toque que vinha dele.
E vez ou outra a pergunta incansável e incoerente ecoava: Como chegamos aqui?
Mas torna-se mais fácil manter o controle dos meus pés quando você me segura pela cintura. Torna-se menos difícil manter-me de pé quando estou em seus braços. Menos vulnerável nos braços da única coisa que pode me machucar.
Mais segura nos braços da única pessoa que pode destruir meu mundo.
Menos segura nos braços da única pessoa que mantém meu mundo de pé.



J

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