janeiro 22, 2011

Sempre fui vulnerável, algo dentro de mim sempre foi quebrável demais. Mas haviam sonhos que me mantinham de pé. E nesses sonhos eu me agarrava, me prendia com toda a força da alma e rezava para que se realizassem antes de eu estar em pedaços.
Por muito tempo, segurar firme nos sonhos foi o suficiente. E por muito tempo eu não me machuquei, nenhum pedacinho meu quebrou, ou trincou, ou enferrujou. Por muito tempo os sonhos valeram à pena.
Hoje, acordei sentindo todos os sonhos vazios, todas as perspectivas vagas e nulas. E então notei que durante muito tempo me mantive segura por pó, porque era a pó que eu me segurava.
Aqueles sonhos que me mantinham inteira não eram meus. E, depois de realizados por quem os criou, eles viravam pó em meus braços. Mas eu estava ocupada demais para perceber que era poeira em meus braços.
Quando abri os olhos hoje, notei que estava sufocada, que o pó tentava me tirar o ar de todas as formas, e que conforme o pó se enroscava em mim, abria espaço para a dor quebrar-me. E lentamente, os frutos de tantos anos cultivando sonhos irreais, chegou a mim.
Quando abri os olhos, senti que seria pela última vez. Quando tentei respirar, tudo o que poderia ser quebrado dentro de mim se espatifou.
Milhões de pedaços meus caindo no chão. Trinta pedaços de verdade espatifados no chão.
Ardeu, doeu e eu gritei. Grito agora enquanto escrevo tocando minhas próprias lágrimas. Grito agora porque sinto que ainda há algo em mim que não é meu. Grito porque não há nada verdadeiro em mim, e porque sei que não haverá. Não enquanto eu não acordar.
Grito porque é difícil demais abrir os olhos me sentindo desprotegida. E não há no que se segurar.



J.

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