janeiro 28, 2011

Teletransporte

Fechei a porta. Os olhos fechados, os músculos retesados, o coração palpitante. O som longe da realidade do vácuo, os pulmões comprimidos, o ar escasso. E só o desejo. Só a dor, só a cor da irrealidade.
Um desejo, uma palavra, um único som rompendo o silêncio e o escuro. E o brilho dos seus olhos se tornando um farol, um guia no meio do medo. E a dor de não estar fazendo certo. E o medo de não chegar no lugar certo.
Apertou, sufocou, comprimiu e esticou. Tudo num segundo só, desconfortável demais, bom demais se desse certo. Um estampido. O ar. E um brilho.
Joelhos falhando, mãos tremendo, o corpo atrás de oxigênio enquanto o peito gritava pela imagem diante de meus olhos.
Caí ajoelhada, e seus braços me sustentaram, evitando o corpo de tombar. E tudo fez sentido, porque todo o esforço tinha valido à pena. Todo o desconforto e toda a dor valeram à pena, porque eu estava ali, nos seus braços, no único lugar do mundo onde poderia me sentir completa.
E eu estava alí, e já não importava o vazio, nem o ar comprimido em meus pulmões. Valia à pena por você. Sempre valerá à pena por você.

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