Chegou com as chuvas de verão,
trazendo consigo uma carta de amor e alguns botões de rosa para impressionar.
Tinha nos olhos a bandeira da esperança, calor nos lábios e cabelos enrolados
de sonhos, que voavam, enfrentavam o vento com rebeldia, invencíveis no negrume
dos fios. Os pés tinham asas, ignoravam obstáculos e “nãos”. Ela tinha o nariz
empinado, pronto para esnobar caras feias e a maldade do mundo. Com o mundo nas
palmas das mãos, a menina parecia pronta para fazer a diferença e transformar o
mais escuro dos corações em um campo florido.
Tinha mil dentes na boca, de tanto
que sorria. Espalhava seu riso pelo Planeta Azul a cada novo passo. E deixava
em seu rastro flores frescas e doces de sinceridade. Para essa doce menina, a
atmosfera cheirava a brigadeiro e as nuvens tinham gosto de algodão doce. Ou
sorvete! Ou os dois juntos! Enxergava uma nova chance a cada esquina, uma nova
oportunidade de ser melhor a cada passo. Para ela, cada esbarrão era a chance
de um novo sorriso, mesmo que apologético. Ela tinha a estranha necessidade de
compartilhar sorrisos com quem cruzasse seu caminho. Acreditava que uma segunda
chance não era tão cara assim, e que sonhos divididos podiam ser muito maiores
e mais bonitos.
Sim, ela sonhava acordada. Não
acreditava que sonhos aconteciam só na nossa mente. Para ela, até mesmo as
mentirinhas que contamos eram sonhos fantasiados. Não que não visse maldade,
mas sempre procurava ver primeiro o que havia de bom. Afinal, defeitos, todos
sabem apontar. Ela gostava de qualidades, da vontade de ser melhor e da
autenticidade que cada um, no fundo, tem.
Ela era juventude, viva mesmo com o
passar dos anos. Na verdade, quanto mais os anos passavam, mais jovem ela era.
Ela renascia com o sol, todos os dias; e ainda sabia degustar a Lua pela noite.
Desabrochava como flor no coração de uma nova pessoa sempre que havia o desejo
de lutar por algo melhor. Ela era fé, correndo atrás de seus sonhos e
acreditando, mesmo quando parecia ser impossível. Ela era inocência, perseguia
borboletas e desejava - quem sabe um dia - voar como elas. Acreditava em fadas,
em anjos e em gnomos (qual criança nunca acreditou?).
Não julgue a pequena menina. Deixe
que, por hoje, ela também habite o seu coração. Dance junto com ela ao redor de
uma fogueira, cultuando o calor gostoso do fogo ou corra com ela através de
colinas, em busca das flores mais bonitas para enfeitar a sua vida. Entregue-se
a ela, por um momento, e volte a acreditar que o melhor lugar do mundo ainda é
colo de mãe. Deixe que ela te guie por essas ruas turbulentas, em meio à
sujeira da raça humana, mostrando-lhe que sim!, sim, ainda há motivos para
acreditar, para fazer do nossos mundo um lugar melhor. Conceda-lhe um sorriso,
uma dança. Não deixe de acreditar nessa pequena menina com olhos de esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário