São 16:33, eu tenho um coração
partido e vários problemas de álgebra pra resolver. Também tenho os meus
próprios problemas, alguns que começam com seu nome, outros que resumem-se em
um pouco mais de responsabilidade, outros que vem rotulados com a minha
família, meus medos... São vários frascos de problemas espalhados por essa
estante. Juntos deles, drogas de todos os tipos. Para dor, para febre, falta de
ar e antipatia.
Claro, eu também tenho aquela droga
de “amor ao próximo”. Funciona, mas só até alguém descobrir que ele o efeito é
causa de medicação, e não de quem você é. Mande tal pessoa engolir o próprio
punho e as coisas se resolvem. É interessante o que as pessoas podem fazer com
punhos...
Além de todos esses problemas e toda
essa medicação ilegal, eu tenho um punhado de sonhos. Doces de todos os sabores
e recheios diversos, creme, chocolate, doce de leite e chantili. Tem aquela tal
viagem à Paris, um tour pelo norte da Europa, manequim 38 e comer sem engordar.
Também temos recheios de “viver um grande amor de verão” e “não me magoar por
motivos bobos”. Eu deveria abrir uma confeitaria.
Resolvi colecionar facas de um tempo
pra cá. Facas pra cortar queijo, maçã e alho. Facas para repartir meus sonhos.
Facas para cortar o comprimido na metade e tomar a dose certa – não que eu use
muito essa função. Faca para arrancar cabeças. E olhos. E escalpos. Eu gosto
dessa função “cortar escalpos”. Claro que muita gente não sabe o que é escalpo,
apesar de ter um.
Eu tenho uma coleção de nomes que
cortei da minha vida, e que se cortaram sozinhos. Tenho uma outra coleção de
nomes que ainda quero cortar, mas ainda não me decidi. Aliás, comecei um
capítulo de “indecisões” no livro da minha vida. Ainda não tenho certeza se
gosto, ou não.
Fiz uma lista de gente que eu
poderia vir a amar, mas não amo. Também tenho uma lista de celebridades com
quem eu gostaria de transar, livros que eu gostaria de ler, doces que eu quero
provar e gente que eu quero enforcar.
Eu quero ser dona de uma
confeitaria.
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