junho 10, 2013

Meu sorriso

            Era um daqueles dias em que tudo parece acordar sorrindo. Quando descemos as escadas do prédio, os degraus nos sorriram um ‘bom dia’ entusiasmado. Acenamos para o porteiro, que retribuiu um aceno com um sorriso condicente, de quem já foi apaixonado e sabe o bem que faz viver um grande amor. Lá na rua, quando pousamos na calçada, esbaforidos e apaixonados, logo nos perdendo nos braços um do outro, quase atropelamos duas senhorinhas, que riram deliciadas com o afeto juvenil. E assim, com a benção de quem nos observava, continuamos caminhando juntos, de mãos dadas, dedos e corações entrelaçados. Não tínhamos um destino ou um plano traçado, apenas nossas almas “quase gêmeas” e a vontade de ficarmos juntos.
            Pra sempre? Não... “Sempre” é tempo demais. Queríamos ficar juntos até o fim! “Até o fim da vida?” Não, não, meu amor. Deixemos a morbidez de lado. Eu quero viver cada segundo desse sentimento, quero que ele dure até o fim da vida! Quero que dure depois, também. Seríamos dois espíritos felizes e em paz. Poderíamos alugar uma quitinete na Via Láctea e estaríamos bem com a companhia um do outro. Das estrelas e de todas as outras galáxias que sonharíamos ver pela janela.
            Mas naquele dia, estávamos dispostos só a pensarmos um no outro, a nos entregarmos um ao outro. Sem todos os planos para o futuro ou a pressão externa para que definíssemos o que nos mantinha unidos.
            – É amor? – Ele me perguntava risonho, e com um rolar de olhos, eu rodopiava e afirmava ser mais! – Mais o que, afinal de contas?
            – É mais do que qualquer coisa que já vivi até agora. É mais do que qualquer um dos meus sonhos!
            E juntos, nós fomos entre rodopios e trocas de olhares, sorrisos e carinhos discretos. Fomos para onde o coração mandou, juro por Deus. Nós não tínhamos planos e nem tínhamos vontade de tê-los. Quando dei conta de onde estávamos, as árvores que velaram muitos dos meus outros beijos estavam ali, nos cercando, abençoando como se dissessem que ali, onde eu já tinha me confundido com tantos outros sentimentos, encontraria o único capaz de me guiar pela escuridão.
            Foi ao lado dele, meu farol, que deitei na relva. Dividimos um sorvete e uma porção de balinhas de gelatinas entre beijinhos e cafunés. Ali, o mundo parou e eu nem vi. Meu mundo parou e eu nem senti.
            Parece que daquele momento em diante, todos os meus erros foram revertidos em felicidade. Meus erros me levaram a ele, e junto dele era exatamente onde eu devia estar! Não que só ali eu tenha entendido a imensidão do que sentia, não! Eu sabia desde o primeiro sorriso que seria a coisa mais maravilhosa da vida. Mas a partir daquele momento, eu soube que era a coisa mais maravilhosa da vida dele também.
            E nada mudou. Nós continuamos displicentemente deitados ali até anoitecer, ignorando as chamadas e as mensagens. Nós ignoramos o mundo. Fomos o centro do mundo. E aí, naquela pracinha antiga, nós nos tornamos o mundo um do outro.
            – No que você tá pensando? – Perguntei num sussurro, a pontinha do nariz deslizando com delicadeza pela maçã do rosto.

            – Eu estou pensando em você. – Respondeu com o sorriso mais lindo do mundo. O sorriso mais lindo do meu mundo. 

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