Quero
que vás embora, que batas com força a porta e que enfrentes a tempestade e o
frio sozinho. Eu quero que tu apanhes do vento, que desencontre-te dentro de ti
mesmo e que, no fim, aches que a minha confusão foi a coisa mais linda que já
lhe aconteceu. Quero que grites, que contorças. Quero que te arrependas e
enlouqueças por ter mentido. Eu quero que tu te partas em dois, em três... Em
mil pedaços e, depois, peças ajuda para colocar-te no lugar. E aqui de longe,
aqui, no meu pedestal, lembrar-te-ei de quem realmente sou. Sem vergonha ou segundas intenções, eu
esfregarei na tua linda cara quem sou. E as minhas cicatrizes. E os meus medos.
E os meus erros. Talvez te recorde de forma dolorosa os teus erros, também.
E
então, quando ambos formos uma massa compacta e irreconhecível de dor,
puxar-te-ei pra junto de mim. Dançaremos no nosso próprio sangue e na nossa
própria vergonha. Coroar-te-ei com meu coração novamente. E, novamente, irás
comer da minha carne, afundar nas minhas entranhas, fazer-me contorcer e
suplicar de dor. Assim, num gemido sofrido de quem ama, hei de pedir por mais.
Hei de pedir que me ame de novo, e de novo! Pedirei para que me rasgue,
estrague e destrua novamente.
Porque
amar-te é assim, destrutivo e venenoso, cancerígeno e doentio. E a verdade é
que amo morrer de amores por você. E que morreria quantas vezes fosse
necessário, só para voltar aos seus braços no fim de cada ciclo.