fevereiro 22, 2024

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 Querida Juju do passado,


Essa é uma carta aberta a você, que sentiu esses sentimentos de uma forma tão pura. 

Que acreditou em tantas fantasias e sonhos e possibilidades.

Que via um mundo melhor em toda oportunidade e que queria se envolver e fazer a diferença. 

Você, que amou de uma forma tão crua, tão dolorida, tão incondicional e sem limites (de uma forma que hoje eu não sei mais amar). 

Você, que se transformou em mim. 

Eu, que hoje sou nós. 

É difícil achar sua intensidade e determinação nessa pessoa que somos agora. 

Em partes, acho que é bom. Você é mais contida e sofre dores menos avassaladoras. 

Nós sonhamos de modo mais contido também. Um passo de cada vez, avaliando o terreno para saber se é seguro prosseguir. 

Mas eu sinto falta da sua avidez em mim. 

Sinto falta das cores que só você via, mas acho que agora a adultez me fez cega para elas. 

Sinto falta da sua capacidade de crer e amar sem restrições. Sem medo.

Mas amo que agora nós sabemos nos priorizar e nos defender. 

Nenhum amor mais te mata, Juju. Eles doem, mas nós sabemos que vamos sair vivas do outro lado. 

Há luz, há razão, há uma calma fria que eu não sei se é insensibilidade ou se é só o peso de ser gente grande, o peso de todas as coisas que aconteceram e foram feitas conosco. 

Há esse amor que eu sinto por você. Essa admiração e vontade de fazer com que você ainda sinta orgulho de mim. 

Sinto dizer que não tenho certeza de que você me acharia legal. 

(Talvez você não me ache nem bonita, pra falar a verdade, já que eu não sou nenhum padrão do que você imaginou pra si mesma)

Mas eu queria dizer que acho você uma garota linda. E que eu admiro seus sentimentos, como você se expressa, a sua dor e como você direciona ela pros seus sonhos. 

Você é uma menina linda, Juju. 

Prometo tentar fazer melhor por você. 

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