agosto 31, 2009

Amado,

Essa noite podemos ser só um novamente, podemos ser só nós mesmos sem máscaras, sem medos. Essa noite podemos dançar ao ar livre, podemos correr, e andar de pés descalços.
E se fecharmos os olhos, acreditaremos que essa noite pode durar pra sempre. Porque as vezes a ilusão é nosso maior remédio.
Quanto tempo conseguimos viver nela? Quanto tempo conseguimos viver sem ela? Se é tão mais fácil fechar os olhos, e imaginar que essa noite durará pra sempre. Que nossos medos estão trancafiados dentro de fundos calabouços.
- Poderia falar mais alto querida? Não te ouço.
É, só a sua voz me acalma, e só pela sua voz eu me tranco na ilusão de que essa noite dure pra sempre. É de você que eu preciso, e é por você que eu vivo.
Porque todos os meus beijos são seus.
J. Silva

agosto 29, 2009

Auto Retrato

Minha pele está pálida, gélida, morta. A essência e o brilho dos meus olhos se fundiram com sua coloração escura. Meus lábios, antes grossos e vermelhos, hoje são apenas traços mau definidos do que antes era um sorriso, são só tinta branca no espelho.
A respiração flui por instinto, porque a vontade de deixar o ar habitar minhas entranhas foi consumida junto às suas memórias.
Hoje, o que vejo diante de mim, é só uma caricatura do que fui. Só um desenho apagado do que é viver.
Talvez ninguem note, mas o sangue só flui em minhas veias por teimosia, e o chão spo continua rente ao meus pés, por pura gravidade.
O que resta aqui, é um corpo sem vida, um reflexo da crueldade do mundo. Minha alma quebrou-se em pedaços e levantou vôo em direção ao desonhecido.
Eu fui para nunca mais voltar.
J. Silva;

agosto 23, 2009

raiva :x

Eu odeio isso, odeio muito isso. Não me parece justo de modo algum que Deus permita isso! Eu estava feliz, eu estava bem, eu estava vivendo os meus melhores dias, e simplismente me vi longe. Por quê? Por que comigo? Qual o problema em me ver feliz? E por que permitir uma dor tão grande à alguem que não fez nada de muito mal pra ninguem?
Eu sinto falta, eu realmente sinto falta. Dos beijos, dos abraços, dos sorrisos. Porque eu simplismente não imaginei que chegaria ao ponto de não sorrir mais. De não sorrir só porque as coisas não parece mais tão engraçadas. Eu não imaginei que as lágrimas viriam tão rápido, mesmo eu tentando faze-las voltas pros canais lacrimais. Eu não imaginei que meu mundo fosse se tornar algo tão cinza.
Eu jamais imaginei, que fosse tão fácil querer morrer, eu não imaginei em momento algum, que seria tão dificil. Mas eu devia... eu devia ter evitado, ter me esquivado. Eu devia ter sido forte o bastante pra não ceder. E onde eu cheguei sendo tão tola? Eu cheguei no fim do poço, sem ver nem uma pontada de luz, com o meu peito doendo agoniantemente, com meus dedos se entrelaçando em busca dos dele. Eu não queria sofrer... Por que tem que ser assim?

agosto 22, 2009

Abismo particular;

O céu está caindo, o chão sumiu dos meus pés, eu me destronco, me perco nos meus próprios soluços, eu me reviro nos meus próprios olhos em busca da sua lembrança. Eu posso sentir meu peito se arrebentar em dor, eu consigo sentir os buracos da sua ausência atingindo meu coração, eu o sinto em carne viva.
Eu escuto uma música marcando os metros que passam acima de mim. Mas eu sei que são apenas os meus gritos me servindo como trilha sonora. Porque eu sei que nada que me faça bem surgirá agora.
A sensação é de estar enterrada até a nuca, é possivel sentir meus membros formigando, sem compaixão do incomodo que causam. Eu sei - não sei como - que a pressão está aumentando, que meus pulmões estão se comprimindo a cada centimetro de queda um pouco mais. O ar já não circula com tanta facilidade, mas eu continuo respirando.
Minha alma está estupefada, eu sei que ela está se contorcendo de dor, mas é tarde demais para desistir, já não há mais em que me segurar. Mas eu vou seguir, eu vou manter meus olhos abertos, mesmo que eu só veja a imensidão cair sobre mim. E eu vou manter meus dedos vazios, esperando que a morte recaia no meu corpo.
J. Silva;