Estrondo.
O mundo parou.
Conta-se
até três, numa velocidade sobrenatural e abre-se os olhos. A única certeza que
há no mundo é de que não há tempo para correr.
Há
outra certeza, mas o tempo é tão pouco... E aquela bala não vai errar. Não há
tempo para correr.
Play.
O mundo não quis responder normalmente. Tudo recomeçou, mas em câmera lenta.
Lenta demais.
E
você pode sentir. Ela entra, queimando a pele, forçando a carne. Ela entra... E você pode sentir.
E
o mundo continua rodando, rodando e rodando e rodando e rodando e rodando e
rodando e rodando e rodando! E o mundo não para! O mundo não quer parar! O
mundo não pode parar!
E
o mundo acompanha a rotação da bala. E a bala come sua carne, queima, mata. E
as células explodem em dor. E há pressão, há vácuo, há dor. Há o mundo girando
e indo a lugar nenhum enquanto tudo o que há é dor.
Há
a visão ficando turva, o coração batendo mais forte na tentativa falha de enviar
sangue para seus membros. Mas não dá... Não dá porque o buraco onde a bala
penetrou fica na altura de órgãos importantes. Artérias importantes, quem é que
sabe?
Daí,
você descobre que gosta do vermelho. Você gosta do calor do vermelho cobrindo
suas mãos, deslizando pelo corpo como um bonito vestido de festa. Como filetes
de sangue. Como um mar de sangue deslizando e cobrindo suas pernas.
Eu
também acho... Também acho que o cheiro férreo de sangue não é tão insuportável
quanto nos cortes pequenos.
O
frio nunca foi tão agradável.
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