dezembro 30, 2010

O riso de um louco

Amargo, enlouquecedor. Eu desejei que nossos olhos se fechassem para esses gritos. Desejei que os sonhos terminassem, mas agora tudo só parece se afundar mais e mais.
Ele chorava. O corpo já sem movimentos se contorcia para se livrar do que o mantinha seguro. A voz rouca e chorosa ciava o passado em emendas sem sentido. Bradava, soluçava, xingava. O fél escorria corrosivo de seus lábios enquanto ele parecia um bebê.
Ele chamava por ajuda quando o tentávamos acalmar, como se nós fôssemos os vilões. Como se nós o torturássemos, ele praguejava. Ameaçava. Chorava. Clamava. Ria.
O riso desesperado de um louco, quebrando-se contra nós, afogando-nos em desespero nas paredes do quarto fétido.
Amargo. Enlouquecedor. A angústia de vê-lo sofrer carcomia nossas entranhas, repintava e rasgava nossas feições enquanto tentávamos salvá-lo.
Ele chorava. Chorava e se debatia ainda mais; bradando e ameaçando pessoas erradas, torturando-as com seu choro algoz.
O riso desesperado de um louco, piorando a escuridão.

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