janeiro 01, 2011

Ponto

Sentimentos. Emoções. Medos. Perdas.
Escrevo tudo com medo de que sumam da minha mente. Descrevo tudo com uma fúria que não é minha.
Cada aperto em meu peito se torna uma palavra nova, e cada sonho desmanchado me cega enquanto coloco no papel minhas palavras - com medo de não serem as palavras certas. Cada borboleta que se agita em meu âmago se torna uma frase nova, uma forma de enxergar a vida com os olhos da alma.
Sinfonias me trazem até aqui. Gritos me arrastam por aqui. Soluços e lágrimas me afogam em minhas próprias palavras e tudo parece escuro demais. E tudo se clareia quando coloco as palavras - mesmo as erradas - no papel.
Agora estou sentindo um frio na boca do estômago. Uma ardência na garganta e um nó apertado no peito. Onde isso me leva? A que palavras isso me conduz?
Desejo que me conduza a qualquer lugar onde você esteja. Em qualquer mundo em que você me abrace. Em qualquer momento no tempo em que seus lábios estejam próximos do meu rosto.
Desejo que esses sintomas me levem cada vez mais para perto de você. Cada vez mais perto. E mais perto. Até não serem sintomas. Até serem reais. Até você ser real. Até sermos reais. E até estarmos juntos, tornando cada vez mais real tudo o que fazemos e sentimos.
Tudo no papel. Tudo na ponta da caneta desenhando traços que não são verdadeiramente meus.
Tudo no papel. Traços permanentes que descrevem sentimentos que não habitam verdadeiramente meu peito desde que você se foi.
E cada vez mais real... Mais perto. Até estarmos juntos.
E cada vez mais borrado... Menos meu. Até não existirem lembranças.


J.

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