outubro 17, 2012

Almas Gêmeas


                Estavam de mãos dadas no meio de uma enorme multidão. Ainda assim, com todo o barulho e toda a algazarra, era possível ouvir o coração do companheiro. Por mais que nem todos vissem o que acontecia ali, eles sabiam. Aquele casalzinho perdido no meio de um mar de corpos, sabia que pertenciam um ao outro. E aqueles corações, que batiam tão descompassados e tão felizes, só batiam porque estavam juntos.
            Eles trocaram um sorriso confidente, e todos os segredos compartilhavam apareceram por um segundo. A intimidade entre ambos, a confiança... Tudo esteve ali, presente naquele sorriso. Quem olhava de longe, mesmo sem conhece-los, sabia que naqueles dedos entrelaçados havia amor. E amor daqueles fortes e duradouros.
            O laço que os unia era invisível apenas para eles. Todos os outros, expectadores daquele amor, podiam ver. Era mais do que destino, ou confiança, entrega ou compatibilidade. Ambos eram mais do que isso, quando estavam juntos. Eles eram um só. Um só a ponto de completarem as frases um do outro, de se conhecerem sem forçar e de dividirem os mesmos medos e os mesmos segredos.
            Até mesmo de longe, um espectador mais sensível notaria a fraca luz vermelha que os envolvia quando estavam juntos. Alguém desatento, quando os visse, pensaria “que casal bonitinho”. Porque eram. E eram bem mais do que isso também: estavam predestinados.
            Deus, o Destino, uma Energia... Não importa no que você acredite, quando olhasse para os dois entenderia que havia alguma força maior atuando ali. Entenderia que estava escrito, em algum lugar, mesmo que fosse apenas no coração dos dois, que pertenciam um ao outro.
            Não haveria medo que apagaria isso. Ou insegurança. Muito menos falta de confiança. Porque, por mais que sentissem isso, o que os unia fazia com que superassem, fazia com que acreditassem de todo o coração e com toda a alma.
            Eles eram um, ali, no meio daquela multidão.
            Ali, uma senhora curiosa notou. E teve felicidade ao dizer: Duas almas gêmeas se encontraram. Acreditem, não saiu em nenhum jornal. Nenhuma emissora de tevê anunciou. Ninguém pareceu importar-se e, no mundo inteiro, pareceu não fazer a diferença. Mas no mundo dos dois, fazia. Sempre faria.
            Estavam juntos. E era para vale. Era para sempre. Eles eram um do outro. 

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