novembro 12, 2012

Borrão


            Os dias têm passado muito rápido. Os detalhes passam batidos por mim, bem como todas as sensações. Não há mais aquela emoção, nem toda aquela euforia. Tudo passa direto por mim, tudo é um borrão. E quanto mais eu tento fazer parar, mais rápido as coisas parecem ir.
            - Eu lhe perguntei, meu amor, se você poderia me dar a mão. – A frase foi dita com um sorriso no olhar. Mas a resposta não veio do lado de lá.
            É estranho como as pessoas mais importantes em nossas vidas podem se tornar indiferentes à bagunça que acontece aqui dentro...
            Na verdade, as coisas girando desse jeito só ajudam a confusão na tarefa de dominar minha mente. Tudo é tão confuso... E às vezes dói tanto. É estranho querer pensar, querer entender, e conseguir apenas focar em uma coisa: em quanto éramos bons juntos. Em como funcionava quando estávamos por perto e em como era simples.
            Sem confusão. Sem imagens sem sentido. Apenas palavras desconexas na imensidão do que nutríamos um pelo outro. Apenas os nossos corpos e sussurros que marcaram nossa pele.
            Mas hoje tudo não passa de um borrão. Tenho certeza de ter guardado essas lembranças em algum lugar seguro, para que não me dominassem e não se desfizessem com o tempo. Lembro de ter acordado duas ou três vezes nas mesmas noites, sempre sufocando, sempre me perdendo no lençol e sempre de mim mesma. E eram essas lembranças que me mantinham inteira.
            E agora? Agora... Agora tudo é confusão. Tudo é tão frio, meu amor. Tudo faz sentido nenhum sem você.
            Será que já podemos parar essa roda gigante? Já me cansei desse carrossel e já não sei se aguento mais essa montanha russa. Deixe-me sair! Deixe-me vomitar e faça parar essa correria. Faça esse movimento terminar.
            Devolva-me a gravidade. Devolva-me a sanidade. Devolva-me o seu coração. E mais do que isso, tome-me para você e não deixe que eu me perca novamente. Não deixe-me trancar essas memórias, deixe-me vive-las. 

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